01/04/2007

Agricultura biológica

O Parlamento Europeu votava esta semana novas regras para o sector agrícola 1, que poderão vir a acabar com os verdadeiros criadores de produtos biológicos. As modificações a introduzir ao regulamento comunitário sobre agricultura biológica estão a deixar preocupados vários grupos ambientalistas. No centro da polémica está a permissão do eventual uso de pesticidas e a contaminação por transgénicos, que estas organizações apelidam de “nivelamento por baixo” dos critérios que permitem certificar os produtos agrícolas como biológicos.
Margarida Silva, da Quercus, esclarece que “a ser aprovado, o novo regulamento consagra determinadas normas de produção e exclui todas as outras”. Por outras palavras “os produtores biológicos que trabalhem de forma mais rigorosa são prejudicados economicamente”, uma vez que concorrentes “menos escrupulosos” também poderão obter o logótipo “EU Organic” e apresentar preços mais baixos. Isto para além do “engano em que os consumidores poderão cair”.
Um dos pontos mais contestados é a abertura dada à utilização de químicos nas produções agrícolas candidatas ao título de biológicas. Até agora, esta alternativa era expressamente proibida, mas se o novo regulamento passar, é apenas “dada preferência à utilização de substâncias naturais”, por exemplo, aos adubos. Por outro lado, há o perigo de os eurodeputados poderem definir limiares “aceitáveis” de contaminação dos produtos biológicos com organismos geneticamente modificados.
“Ora, isto é precisamente o contrário do conceito de agricultura biológica”, garante Margarida Silva, para quem Bruxelas poderá vir a transformar o sector (que ocupa já 3,6 por cento dos terrenos cultivados) num “autêntico logro”.
A Agricultura Biológica é um sistema de produção que promove e melhora a saúde do ecossistema agrícola ao fomentar a biodiversidade, os ciclos biológicos e a actividade biológica do solo.
Caso o Parlamento Europeu consagre o novo regulamento, dirigido a um nicho que cresce 30 por cento ao ano, “quem vai beneficiar são os grandes aglomerados agro-industriais, que há muito querem apoderar-se do conceito de agricultura biológica, nem que para isso tenham de o destruir”. Os consumidores europeus devem por isso manter-se esclarecidos e alerta para futuros desenvolvimentos.

1. Ver o URL http://europa.eu/scadplus/leg/pt/lvb/l28176.htm
2. “Agricultura biológica acende polémica” Elsa Páscoa, Metro 2007-03-29, p. 4

2 comentários:

Miguel Carvalho disse...

Essa pirâmidos dos alimentos está um bocadinho carnívora! :) A nova roda dos alimentos "oficial" ( aqui por exemplo) tem ainda menos peixe, carne e ovos que essa.

Sobreda disse...

Obrigado MC pelo esclarecimento do comentário.
A pirâmide inserida no artigo refere-se à dieta mediterrânica.
"Uma boa maneira de escolher uma dieta saudável é referenciar-se pelas porções propostas pelas Pirâmides de Alimentos. A maior parte da alimentação diária deve provir das 3 secções mais baixas da Pirâmide: secção dos cereais, secção das verduras e secção dos frutos. As Pirâmides de Alimentos variam com as culturas e as regiões geográficas. Mas todas elas têm em comum as recomendações de consumo de verduras e frutos".
De novo, agradecemos o alerta.
Ver o URL www.verdurascampestres.pt/info_piramide.php