18/11/2007

Irreversibilidade climática

“As alterações climáticas de origem humana e as suas consequências poderão ser súbitas ou irreversíveis”, indica o texto do “resumo para os decisores” que os delegados de 130 países do IPCC (Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas 1) adoptaram ontem numa conferência a decorrer em Valência. Esta síntese do relatório, que se destina aos dirigentes do planeta, será oficialmente aprovada hoje em sessão plenária.
Alguns países consideravam que a expressão ‘irreversível’ não corresponde a nenhuma definição científica, enquanto outros, nomeadamente os europeus, insistiram para manter a palavra porque traduz a realidade. A delegação norte-americana também combateu, em vão, uma frase indicando que ‘todos os países’ serão afectados pelos impactos das alterações climáticas.
Também a organização ecologista WWF lamentou o bloqueio que os Governos contrários à obrigação de redução das emissões poluentes estão a fazer ao acordo científico sobre as alterações climáticas. Fonte anónima referiu mesmo os Estados Unidos, a Rússia e a Arábia Saudita 2.
A próxima ronda de negociações no âmbito da ONU está marcada para o início de Dezembro em Bali, na Indonésia. Trata-se de dar seguimento ao Protocolo de Quioto, que expira em 2012.
“Este é o relatório mais forte do IPCC até agora, mas diz que ainda há tempo para agir”, disse um cientista australiano que foi um dos autores. O documento condensa três mil páginas de investigação publicada nos três relatórios anteriores do painel.
O relatório prevê que em 2015 os gases com efeito de estufa atinjam o seu máximo, o que significa um aumento de temperatura entre os 2,0º e os 2,4º face à era pré-industrial. Mesmo que o aumento seja inferior a estes valores, o IPCC antecipa grandes catástrofes como fogos selvagens, vagas de calor, cheias, secas e malnutrição em África 3.

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