17/12/2007

Bali sem metas para redução de emissões


Todos afirmam que foi uma batalha ganha, apesar dos recuos que foram obrigados a fazer, nomeadamente os EUA e a UE. Mesmo as grandes organizações ambientalistas, como a Greenpeace e a WWF, consideraram já não ter sido mau de todo que a reunião de Bali, na Indonésia, se salvasse de um fracasso total.
Porém, a grande questão central - os compromissos concretos dos países para a redução de emissões de gases com efeito de estufa - ficou remetida para decisões em 2009. Há quem se interrogue se este ‘roteiro de Bali’ é mesmo um caminho, pois não tem sítio definido onde chegar.
Na Convenção das Nações Unidas estiveram cerca de dez mil pessoas entre delegados dos 188 países, observadores, militantes de causas ambientais e jornalistas. Os países alinharam-se em vários blocos. Os EUA deixaram de ter a companhia do Japão e da Austrália, país que acabaria por formalizar a sua adesão ao Protocolo de Quioto. Com a Índia e a China à cabeça, os países em desenvolvimento reclamavam que os mais ricos deveriam fazer mais pelas reduções.
A voz dos países mais pobres e pequenos e que estão já fisicamente ameaçados pela subida das águas dos oceanos, pelas cheias, secas e tempestades, era de que os EUA “saíssem do caminho” e não impedissem os interessados em liderar o combate às alterações climáticas de actuar em prol do planeta e do ambiente. O representante da Aliança dos Estados das Pequenas Ilhas viria mesmo, mais tarde, a manifestar-se desiludido com os resultados da reunião: “Não valia a pena 12 mil pessoas reunirem-se aqui, em Bali, para conseguir um texto vago. Podíamos ter feito isso por e-mail”.
Por tudo isto, os movimentos ambientalistas oscilam entre a contida satisfação e crítica por resultados pouco concretos. É que, para que a temperatura apenas suba 2º C face aos valores pré-industriais até ao fim do século, seria necessário que, em 2020, os países desenvolvidos reduzissem 25 a 40% as emissões por referência a 1990 e que o valor global dos países estabilizasse em 50% a meio do século.
Muitos dos participantes em Bali e os observadores ecologistas queriam ver estas metas referenciadas no texto principal do ‘roteiro’ porque, alegam, elas têm valor científico e devem servir de base aos compromissos de 2009. Mas os mais ricos impediram-nos de aprovar essa versão do documento.
O facto de o roteiro de Bali não definir compromissos em números e datas foi o mais criticado. Na verdade, o texto reconhece que são necessárias medidas ‘urgentes’, mas apenas a combinar para além de 2009. Entre mãos fica-lhes um planeta adiado.

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