20/05/2008

As falhas da Rede 7

A Rede 7, que arrancou no terreno em Setembro do ano passado, implicou a alteração dos números, horários e percursos de 36 carreiras, bem como a suspensão da circulação de oito autocarros, afectando cerca de 40% da frota da Carris. O documento com a reestruturação foi enviado para a CML, que votou e aprovou a reestruturação proposta pela Carris. Mas dentro da empresa a reestruturação não foi pacífica.
De acordo com um parecer de um especialista em transportes da Carris, este aponta falhas à 2ª fase de reestruturação da Rede 7, reconhecendo que implicam acréscimo de custos para os utentes.
O especialista reconhece que a entrada em funcionamento da extensão da linha azul do Metropolitano ao Terreiro do Paço e a Santa Apolónia terá tido repercussão na rede da Carris, “nomeadamente alguma quebra expectável na procura das carreiras” que servem estas estações, mas não deixa de criticar a postura da autarquia face às propostas da Carris, indicando que a Câmara não se deveria remeter apenas a “uma posição de reacção” face ao que é proposto pela empresa de transportes 1.
Entretanto, têm circulado abaixo-assinados contra a reestruturação da rede da Carris, que conta com os nomes de personalidades como o maestro António Vitorino de Almeida e o psiquiatra Daniel Sampaio, mas que a tutela ainda não ainda não se dignou dar qualquer resposta.
Esta iniciativa surgiu como “um acto de solidariedade para com a população pobre, idosa, com dificuldade de locomoção e que foi completamente posta de parte pela Carris com esta reestruturação”. Os subscritores acusam ainda a empresa de ter “ignorado todas as manifestações de repúdio” da população e dizem que a decisão “não teve em conta os interesses da população expressos junto da Carris”.
Além dos abaixo-assinados houve outras iniciativas do género, várias manifestações de associações de utentes e foi criada uma Comissão de Utentes dos Transportes que considerou ter a reestruturação da rede da Carris “apenas um pendor economicista, fomentando a abertura do Metro no Terreiro do Paço”, pois as alterações tentaram “empurrar” os utentes para o Metro, e aumentaram o tempo de espera entre carreiras, “que depois das 21h30 é entre 30 a 40 minutos”.
Também os vereadores da CDU na Câmara de Lisboa já fizeram várias diligências junto da Carris para alterar algumas situações.
Numa nota enviada hoje à Carris, lembram a necessidade de uma carreira que faça o percurso interior dos bairros que sofreram grandes alterações com o realojamento de centenas de novos moradores, como “os moradores dos bairros sociais da Ameixoeira/Galinheiras, onde apenas passa duas carreiras” e “a distâncias consideráveis das áreas residenciais”. São também referidas as carreiras de Campolide, do Bairro Santos, como o fim da carreira 31 até à Baixa (encurtada actualmente a Sete Rios), que exige transbordos para o Metro.
A reorganização no serviço da Carris implicou a extinção de oito carreiras de autocarros e alterações em mais de 30 percursos 2.

1. Ver Lusa doc nº 8348278, 20/05/2008 - 13:15
2. Ver Lusa doc. nº 8348254, 20/05/2008 - 13:15

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