05/06/2009

Porque será que Portugal é o país da Europa que mais incinera e menos recicla?

Em pleno Dia Mundial do Ambiente, Portugal continua a ser o país da Europa que mais opta pela incineração de resíduos em detrimento da reciclagem, uma tendência que os ambientalistas querem inverter.
“Infelizmente continuamos a deparar-nos com um cenário em que a incineração é vista como a solução mais eficaz para o destino final dos resíduos, quando não é bem assim”, referiu associação ambientalista Quercus.
De acordo com um seu responsável, a taxa de resíduos incinerados em Portugal é de 20%, enquanto a de reciclados se situa nos 15%, um número que faz do país aquele que na Europa mais opta pela solução incineração em detrimento da reciclagem.
É que as autarquias e as empresas municipais mantêm uma dependência excessiva em relação às incineradoras e cimenteiras, porque estas fazem do lixo um negócio bem rentável.
E “se formos a avaliar bem, existe um claro prejuízo para as Câmaras Municipais que se vêem obrigadas a recorrer a este sistema, nomeadamente em despesas de transporte, chegando a custar 30 euros por cada tonelada que enviam”.
A associação apontou a existência de sistemas alternativos à incineração que são capazes de garantir uma taxa de reciclagem superior à existente e justificou o desconhecimento dessas alternativas com a existência de “interesses encapotados”.
Como alternativa à incineração, o defende a aposta no sistema de tratamento mecânico biológico, um método que combina processos de triagem com tratamento biológico como a compostagem e a digestão anaeróbia (degradação biológica da matéria orgânica).
Outra alternativa apontada é a vermicompostagem 1, um processo que consiste na degradação da matéria orgânica com recurso a minhocas, cujo “processo começa a crescer cada vez mais, e ainda bem, porque aponta para taxas de recuperação de resíduos a rondar os 80%”.
Segundo os ambientalistas, há já várias empresas a funcionar em Portugal e que são “excelentes exemplos” da eficácia destes sistemas, pelo que será de apostar na recolha selectiva porta à porta em vez dos Ecopontos, por apresentarem melhores resultados.
“Temos dados que comprovam que nos sítios onde se opta pela recolha porta à porta há mais adesão do que naqueles em que se coloca apenas um Ecoponto. No entanto, só 2% da população beneficia dessa recolha”. A meta estabelecida pelo Ministério do Ambiente de reciclar 30% do total de resíduos é “muito baixa para aquilo que pode verdadeiramente fazer”.
A Quercus sublinhou ainda que o Governo não dispõe de um quadro de caracterização dos resíduos, considerando ser importante a sua criação para um melhor planeamento estratégico, pois, “se não for criado este quadro será mais fácil manipular os dados, mas mais difícil delinear uma estratégia mais eficaz que garanta um ambiente melhor e mais saudável para todos” 2.

1. Ver
http://osverdesemlisboa.blogspot.com/search?q=vermicompostagem
2. Ver Lusa doc. nº 9754259, 04/06/2009 - 13:34

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