24/08/2009

Lisboa terá clima semelhante a Marrocos em 2080

Estará disponível a partir de hoje, 2ª fª, a monografia 'Portugal a Quente e Frio', da autoria de duas jornalistas. A obra pretende consciencializar as pessoas para as consequências das alterações climáticas em Portugal, num ano em que tudo pode ser decidido nas conferências que levam à assinatura do substituto de Quioto, em Dezembro.
Há peixes tropicais a surgir na costa portuguesa. As amendoeiras estão a florir quase um mês mais cedo do que há 30 anos. Na ilha da Madeira, os mosquitos que transmitem a dengue e febre-amarela chegaram, em 2004, e instalaram-se.
Casos como estes estão descritos no livro ‘Portugal a Quente e Frio’ e espelham as consequências das alterações climáticas no nosso país. Um dado é avançado: em 2080, Lisboa poderá ter a temperatura da capital de Marrocos, Rabat, com uma média de 17,2 graus Celsius.
Palmeiras esguias espalhadas pela malha urbana, típicas de climas tórridos, e habitantes que se protegem do calor com roupas compridas é a descrição de Lisboa em 2080 dada pelas duas jornalistas. “Já há migração de peixes tropicais para as nossas águas, como o peixe-porco, que agora até faz parte da dieta portuguesa”.
De entre os dados compilados no livro, as autoras anunciam outras consequências do aumento da temperatura. O facto de termos peixes tropicais em águas portuguesas até poderia significar um aumento da biodiversidade, isto se as espécies autóctones não estivessem em risco de desaparecer: “A raia-curva, que existe no Algarve e faz parte da confecção da caldeirada, desaparecerá das águas algarvias para se instalar mais a norte, caso a temperatura do mar suba mais um grau”.
Consciencializar as pessoas para as consequências do aquecimento global no nosso país foi o objectivo das autoras, aproveitando as conferências climáticas de Copenhaga, em Dezembro, que irá substituir o protocolo de Quioto. “Se Copenhaga falhar, o planeta pode ficar em maus lençóis”.
Caso isso não aconteça, as autoras esperam o pior para Portugal: "Segundo dados do IPCC [Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas], está previsto um aumento do nível das águas do mar entre 18 e 59 centímetros, embora haja estudos que indicam que em 2100 o mar terá subido 1,4 metros." As zonas mais afectadas serão locais como as rias de Aveiro e Formosa e também o estuário do Sado.

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