24/02/2015

Intervenção da Deputada Municipal Cláudia Madeira, na discussão da Informação Escrita do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa


Assembleia Municipal de Lisboa de 24 de Fevereiro de 2015

No seguimento da análise da Informação Escrita do Senhor Presidente de 1 de Novembro de 2014 a 31 de Janeiro de 2015, «Os Verdes» gostariam de referir alguns assuntos, uns porque carecem de mais esclarecimentos, outros porque não constam deste relatório mas que na nossa opinião, e pela importância que têm, deveriam constar:

1. Depois de toda a confusão com a reorganização de serviços, a Câmara pensa agora criar brigadas para manter o espaço público, fazendo com que as Unidades de Intervenção Territorial percam as suas atribuições, isto depois de quatros anos da sua criação. Afinal, parece que a Câmara acaba por reconhecer aquilo que «Os Verdes» disseram desde o início sobre estas Unidades, pois não terão sido de grande utilidade.

Com esta reorganização a Direcção Municipal de Ambiente Urbano será partida em duas: uma direcção de Estrutura Verde, Ambiente e Energia e outra de Higiene Urbana, que passará depois para os futuros serviços municipalizados.

Tudo isto, pelas palavras do executivo, para optimizar serviços.
No entanto, o que nos parece é que a Câmara está a usar Lisboa como um laboratório para fazer experiências, e os seus trabalhadores e munícipes como cobaias, situação que não pode continuar.
Assim,  gostaríamos de saber, porque esta Informação Escrita não nos esclarece de forma satisfatória, por que razão, menos de quatro anos depois de ter entrado em vigor uma reorganização, pretende agora o executivo avançar com mais uma reorganização dos serviços municipais?
E que implicações terá mais esta reestruturação dos serviços no mapa de pessoal do Município?
Também sobre esta reorganização, o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa veio lamentar o pouco tempo que teve para analisar a nova proposta, pelo que perguntamos, por que razão a Câmara não concedeu mais tempo ao sindicato para que este se possa debruçar sobre estas alterações?

2. Sobre uma outra questão, o trabalho precário na Câmara Municipal de Lisboa, temos também algumas perguntas:
- que tem a Câmara a dizer sobre a existência de um número elevado de trabalhadores precários a ocupar postos de trabalho que satisfazem necessidades permanentes da cidade?
- são vários os serviços que tentam colmatar as carências de pessoal através da contratação de trabalhadores sem vínculo efetivo. Ou seja, são trabalhadores sem os quais não seria possível manter a qualidade dos serviços municipais, mas são trabalhadores precários! Recibos verdes, contratos emprego-inserção, estágios curriculares ou profissionais é isto que a Câmara tem para dar a trabalhadores imprescindíveis?
- uma vez que sobre isto nada encontramos na Informação Escrita, o que nos poderá dizer a Câmara sobre o pagamento, ou não pagamento, dos rendimentos, aos trabalhadores acidentados?

3. Passando a um outro tema, a requalificação da Av. Coronel Eduardo Galhardo, na Freguesia da Penha de França. Esta avenida foi requalificada depois de inúmeras queixas, no entanto, parece que nem tudo ficou resolvido pois os moradores queixam-se de umas tampas de ferro que já existiam antes e que lá continuaram, apesar do seu mau estado e de constituírem um perigo para quem lá passa.
Pelo que podemos constatar na Informação Escrita, esta Avenida, para a Câmara, é já um assunto resolvido e arrumado, mas para os moradores não é e seria bom sabermos se o executivo está a par destes problemas e se pensa fazer algo para os solucionar.

4. Sobre a segurança pedonal, gostaríamos também de saber se está algo previsto para a pintura das passadeiras que muita falta fazem na Avenida Afonso III e na Rua Morais Soares, entre a Praça Paiva Couceiro e a Parada do Alto de São João, para evitar que se continue a pôr em risco a segurança dos peões que atravessam estes arruamentos.

5. Sobre a candidatura de Lisboa a Capital Verde Europeia 2017, gostaríamos de saber em concreto que medidas pensa a Câmara implementar neste âmbito. E, já agora, como justifica o executivo medidas como, por exemplo, a retirada de alguns ecopontos, nomeadamente no Largo Mendonça e Costa e na zona da Alameda Afonso Henriques, para aí criar lugares de estacionamento?

 6. Tivemos conhecimento de que os músicos, pintores e artesãos que estavam no Castelo de São Jorge, a criar cultura e arte, alguns deles há 20 anos, foram expulsos. Estes artistas pagavam para usufruírem do espaço que ocupavam para as suas actividades.
Uma vez que as Grandes Opções do Plano 2015-2018, no Eixo E – Lisboa Global, propõem uma cidade da cultura e da criatividade, como justifica a Câmara que a EGEAC tenha levado a cabo esta expulsão?
É que é muito estranho que quem tenha defendido, há muito pouco tempo, “fomentar a criação artística” e que “o município, mais do que promotor, deve ser o facilitador da expressão autónoma, espontânea e o impulsionador dos agentes criadores e criativos da cidade”, se lembre agora de uma atitude destas que em nada promove aquilo que a Câmara disse querer fazer na cidade.
Gostaríamos portanto de saber qual a justificação para esta acção e que alternativa foi apresentada a estes artistas?
Por último, gostaríamos também de referir que ao longo deste relatório não encontramos qualquer referência à maioria das deliberações aprovadas nestas Assembleia. Quererá isto dizer que a autarquia vai continuar a ignorar as propostas e recomendações da Assembleia Municipal como até agora?


Cláudia Madeira
Grupo Municipal de “Os Verdes

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