31/10/2016

Os Verdes participaram no Encontro CDU Lisboa

Cláudia Madeira, deputada municipal do PEV, interveio no Encontro CDU Lisboa, que se realizou no Auditório do Liceu Camões no sábado passado, dia 29 de outubro. Aqui fica a intervenção completa:

"Boa tarde Companheiros e Amigos

Antes de mais, em nome do Partido Ecologista Os Verdes saúdo os nossos parceiros na CDU, o Partido Comunista Português, a Intervenção Democrática, e todos os independentes.

Realizamos hoje este Encontro da CDU Lisboa, numa altura em que já decorreram três anos do actual mandato.

O tempo é, portanto, de balanços. De balanço do trabalho realizado e de análise do estado da nossa cidade, com olhos postos no futuro e na cidade que as pessoas precisam e que nós queremos construir.

E começaria precisamente pelo estado da nossa cidade.
Muitos dos problemas que identificámos no último encontro da CDU, há cerca de ano e meio, mantêm-se e até se agravaram. Isto, apesar de todas as propostas apresentadas pela CDU com vista à sua resolução.


Por exemplo, ainda como reflexo da reorganização administrativa, não podemos deixar de referir os seus impactos mais gravosos que se traduzem no desmantelamento de serviços da Câmara e numa completa desorganização, não tendo em conta os interesses das populações nem dos trabalhadores, mas apenas das forças políticas que a engendraram.

Extinguiram 29 freguesias e afastaram centenas de eleitos. O problema da falta de meios humanos ainda não foi resolvido, a que se junta a precariedade dos trabalhadores. Esvaziaram a Câmara e agora pagam a terceiros, com dinheiros públicos, para fazerem o que esta podia e devia fazer.

Podemos dar um exemplo concreto: sob os falsos argumentos de proximidade aos cidadãos e de vantagens na gestão dos serviços, o executivo libertou-se de mais uma das suas responsabilidades e passou a gestão dos espaços verdes e do arvoredo para as Juntas de Freguesia, de uma forma completamente inconsciente e irresponsável.

Resultado: muitas Juntas de Freguesias tiveram que contratar empresas privadas, com muitas podas e abates de árvores a serem mal realizados, fora da altura adequada e sem qualquer controlo.
Depois de criar este problema, que gerou muita contestação, a Câmara procurou resolvê-lo com o Regulamento do Arvoredo, para fazer regressar a si grande parte destas responsabilidades. Mas além de o Regulamento não resolver tudo, ainda nem sequer foi possível aprová-lo na Assembleia Municipal.

Isto mostra bem as contradições e fragilidades da transferência de competências para as Juntas de Freguesia, situação para a qual Os Verdes e a CDU alertaram desde o início.

Para nós, esta situação só se resolve se o arvoredo for gerido de forma integrada, porque constitui um todo.

Outro assunto que é bem paradigmático das opções do Partido Socialista na cidade é o Parque Florestal de Monsanto, sobre o qual Os Verdes têm intervindo muito activamente.

Neste momento, e apesar da nossa insistência, aguardamos o agendamento da segunda sessão do debate sobre Monsanto na Assembleia Municipal, debate que foi proposto por nós face à lista infindável de atentados a este parque florestal, que é visto como uma reserva de terrenos urbanizáveis, onde há lugar para tudo menos para a sua preservação.

As propostas mais recentes do executivo são para unidades hoteleiras e de restauração, vedando o espaço que é de todos nós para ser usado só por alguns, o que é inaceitável. Para Os Verdes é urgente valorizar, respeitar e preservar Monsanto, requalificar as áreas degradadas e criar condições para que continue a ser de acesso ao usufruto público.

Mas há mais! Os transportes na cidade estão caóticos, não dão resposta às necessidades dos utentes e a situação agrava-se de dia para dia. O anterior governo PSD/CDS tudo fez para desmantelar e privatizar os serviços públicos de transporte. O actual Governo PS travou estas privatizações mas tarda em resolver os principais problemas e andar de transportes colectivos na cidade é uma missão impossível e desesperante.

A especulação imobiliária está sempre presente. Enquanto o executivo vende património e a memória da cidade, faz negócios ruinosos para o município, ignora as necessidades dos habitantes e dos trabalhadores da nossa cidade. São trapalhadas atrás de trapalhadas, negociatas que prejudicam a cidade e o interesse público: o que querem fazer na Colina de Santana, a Torre das Picoas, a destruição do quartel do Colombo, entre tantos outros exemplos.
A tudo o que dizemos na Assembleia Municipal, o executivo apressa-se a responder que já está previsto ou pensado, mas os problemas continuam na mesma.

Conclusão:

Os problemas das pessoas  continuam e o PS fala numa cidade moderna e atractiva porque faz questão de se esquecer da outra cidade, a que nós vemos e sentimos todos os dias. Aquela que conhecemos bem porque andamos na rua, vamos aos bairros, estamos nas paragens de autocarro e nas estações do metro e ouvimos o que as pessoas têm a dizer.

A tudo isto, Os Verdes têm reagido com propostas e com alternativas.

Desde o início deste mandato, Os Verdes apresentaram no plenário da Assembleia Municipal 120 documentos, dos quais 70 são recomendações, 20 são moções, e os restantes documentos são saudações e votos. Estes documentos contêm propostas sobre qualidade de vida, ambiente, espaços verdes, transportes, saúde, educação, direitos dos trabalhadores, entre outros. Tudo o que consideramos importante para  a vida dos lisboetas. A autarquia ignora a generalidade destas propostas e não faz nada para as implementar, o que é um grande desrespeito para com os eleitos e os cidadãos.

Entregámos mais de 80 requerimentos e uma boa parte deles aguarda ainda resposta.

Por iniciativa do PS, o regimento da Assembleia Municipal foi alterado, apesar da nossa oposição e das nossas propostas alternativas, prejudicando o tempo e a forma de intervenção dos deputados municipais, principalmente das forças políticas com menor representatividade.

Temos participado activamente nos Debates que a Assembleia Municipal de Lisboa promove, sempre com propostas.

Temos feito dezenas de visitas pelas freguesias, que permitem o contacto próximo com as populações, temos reunido com associações de moradores, associações de pais, sindicatos, movimentos e plataformas cívicas.

Ouvimos, partilhamos e discutimos soluções. É esta a nossa forma de estar e de agir, o que nos liga às populações, às suas lutas, que também são nossas. E é esta gestão partilhada e inclusiva que mobiliza eleitos e eleitores na defesa do bem-comum.

Para Os Verdes, a acção local é uma forma próxima e privilegiada de participar na construção de uma cidade e de um país melhor. Afinal, é a nível local que se materializa um dos princípios da ideologia ecologista: “Pensar Global, Agir Local”.

Companheiros,
E este é o balanço que fazemos. É isto que vemos e sentimos diariamente. É isto que as pessoas nos transmitem.

Pela parte do Partido Ecologista Os Verdes, faremos a mais forte oposição a tudo o que prejudique os lisboetas. E não falamos nos problemas só para criticar porque somos oposição. Fazêmo-lo para construir soluções para Lisboa!
Para cada problema, apresentamos a solução  para o resolver, com vista a uma cidade equilibrada, harmoniosa e mais justa e sustentável para todos. Nunca nos poderão acusar de não termos ou sermos alternativa.

Há ainda outro aspecto que  Os Verdes não podem deixar de referir. Este ano comemora-se o 40º aniversário da Constituição da República Portuguesa, e o Poder Local é uma expressão e uma conquista de Abril, que  viu consagrados na Constituição os seus princípios democráticos essenciais.

Concretizar o Poder Local foi também melhorar as condições de vida da população, superar carências e criar dinâmica popular.

Pela importância que o poder local assume na vida de todos nós, Lisboa precisa de autarcas determinados e empenhados, com valores, que acreditem em causas, que lutem por uma sociedade mais justa e mais equilibrada ambientalmente.
A cidade de Lisboa precisa de uma CDU mais forte! Precisa de mais autarcas. A cidade e os lisboetas só têm a ganhar com o reforço dos Verdes e  da CDU.
´
As pessoas precisam de uma cidade equilibrada, que ofereça qualidade de vida, oportunidades, onde as pessoas possam viver, trabalhar e serem felizes.

E é isso que Os Verdes e a CDU têm feito. Aliás, este Encontro e as várias intervenções que ouvimos até agora, assim como o nosso documento de trabalho,  confirmam justamente a vasta acção da CDU, sempre de acordo  com o nosso compromisso com a cidade e com o país.

Iniciámos este encontro com uma certeza, que sai daqui reforçada e que se vai intensificar a cada dia que passa: a CDU é a prova viva de um projecto sério, onde se confirma a capacidade de união de esforços, de dedicação e de empenho pelo desenvolvimento da cidade e do país, pelo bem-estar das pessoas, pelo ambiente e pela promoção da qualidade de vida.

E este compromisso é para continuar!
Companheiros e Amigos, ao trabalho! Vamos continuar a construir soluções para Lisboa!

Viva a cidade de Lisboa!"

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